“Família de Aluguel” é daqueles filmes que lembram o espectador por que o cinema ainda é uma das formas mais potentes de falar sobre solidão e humanidade. Dirigido com uma sensibilidade rara e sustentado por uma atuação arrebatadora de Brendan Fraser, o longa mistura humor e melancolia com uma naturalidade quase poética, o riso vem fácil, mas o nó na garganta vem junto.
O roteiro parte de uma premissa curiosa, um ator americano contratado por uma agência japonesa para interpretar familiares de aluguel e a transforma em um estudo delicado sobre identidade, pertencimento e a performance que todos nós encenamos na vida real. Em vez de se apoiar no exotismo da cultura japonesa, o filme mergulha nas fragilidades universais que atravessam qualquer idioma: o desejo de ser visto, ouvido e, acima de tudo, compreendido.
A direção aposta em silêncios que dizem mais que qualquer diálogo, e a fotografia suave, quase etérea, reforça a sensação de estar assistindo a uma fábula moderna sobre empatia. Fraser entrega uma das atuações mais humanas de sua carreira, equilibrando humor contido e uma tristeza que parece sempre prestes a transbordar. O elenco japonês brilha igualmente, com química natural e olhares que comunicam camadas inteiras de sentimento.
Sem jamais cair no sentimentalismo, Rental Family emociona por sua honestidade. É um filme sobre conexões improvisadas que acabam sendo mais reais do que as que chamamos de “verdadeiras”. Ao final, fica aquela sensação agridoce de quem acabou de viver algo bonito demais para explicar e talvez seja justamente isso o que o diretor queria: que a gente saísse da sessão sentindo, mais do que pensando.
Nota: 10/10
