“Os Vingadores Guerra Infinita: Thanos Titã Consumido” é escrito por Barry Lyga, romancista norte-americano de livros jovens-adultos, publicado aqui no Brasil como parte do selo Excelsior, dedicado exclusivamente ao universo Marvel, da editora Book One.
O título não poderia ser mais assertivo em relação ao conteúdo de sua obra. “Thanos: Titã Consumido” embarca em um história através do tempo em torno do vilão arroxeado. O livro começa poucos segundos após o estalo de Guerra Infinita, mas não foca sua narrativa neste espaço de tempo. Logo somos levados aos primórdios da saga de Thanos, ao seu nascimento, sua juventude, em Titã, mundo natal do personagem, e, posteriormente, ao seu destino como o vilão conquistador.
“Estalei os dedos.” [p.10]
Em seu passado, somos apresentados a um mundo extremamente evoluído em conhecimento, tecnologia e beleza, com população de peles de tons coloridos claros, corpos esbeltos; um mundo perfeito. Porém, A’lars e Sui-San, casal de extrema importância e nobreza, dão a luz a um bebê peculiar, uma criança desviante, isto é, que diverge de todos padrões daquele povo. O nascimento de Thanos é visto como um presságio da morte, e ao mesmo tempo que desestrutura sua família, denuncia todos preconceitos e problemas dessa sociedade.
O protagonista cresce em ambiente isolado, sendo estigmatizado em seus poucos contatos com o mundo. Mas, apesar de seu porte monstruoso, sua mente é de grande intelecto e sabedoria. Somos apresentados a um Thanos de muitas camadas, que é assustador, mas intrigantemente inteligente e convincente, é fácil se apegar as dores do personagem logo de início.
Ele rapidamente reconhece os problemas de seu mundo, aponta a gravidade do excesso populacional, mas pouco é ouvido, sempre é ignorado e, por fim, exilado. Thanos, como sabemos, acreditava no equilíbrio e, em seu ponto de vista, a morte é a única maneira de salvar sua terra, discurso que chega até a nos convencer em nossa leitura, como o único caminho possível de sobrevivência.
Entretanto, a narrativa é baseada em montanhas-russas de acontecimentos, que logo denunciam o comportamento sem escrúpulos do protagonista. A inteligência e a loucura são íntimas companheiras na construção do personagem, mostrando que salvar e matar são apenas perspectivas de quem está empunhando a faca que determinará o destino inevitável.
Thanos olha para o universo como uma expansão de almas condenadas, as quais metade podem ser salvas, se o restante for sacrificado. É doentio e viciante, a leitura nos prende na mente conturbada de um personagem que não vê crueldade em seus atos, por mais que seus meios sejam sujos, é um propósito pela vida. E isso é o destaque principal na escrita desta história, é fácil em momentos apoiar ou condenar a argumentação de Thanos, em alguns até torcer por sua sobrevivência.
O título baseia-se nos eventos do universo cinematográfico, adequando-se perfeitamente a linha temporal dos filmes, no entanto, não é uma história canônica de fato, não pode ser visto como o prelúdio oficial do personagem. Contudo, apesar disso, expande primorosamente a história de fundo de Thanos, mostrando-se ainda assim uma leitura importante e válida a todos fãs da Marvel.
“Os Vingadores Guerra Infinita: Thanos Titã Consumido” é uma emocionante jornada sobre caráter, sobre como as pessoas não são somente boas ou somente ruins. E que no fim, o que nos torna piores ou melhores não são as nossas crenças, mas sim nossas decisões perante elas.
“Somos a soma total de todas as nossas decisões, não de nossas crenças. Essa é a verdade. A verdade é uma senhora mais cruel do que a morte.” [p.399]
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