Duas semanas após a estréia de Capitã Marvel nos cinemas, o assunto ainda gira em torno da popularidade do filme e as polêmicas criadas também pelos fãs da Marvel Studios. Tópicos como produção cinematográfica, a personagem em Vingadores: Ultimato, futuro do MCU e até a atuação da atriz Brie Larson estão sendo questionados, mas o principal deles é a representatividade feminina no cinema.
De fato, foi usada pouca ousadia na adaptação da HQ para os cinemas. Contudo, estamos falando de um filme de origem cuja história precisa se conectar com acontecimentos de filmes anteriores do MCU e precisa fazer sentido para o público do século XXI. E não só entender como também se identificar, que foi o caso de uma grande geração de meninas-mulheres sonhadoras que finalmente tiveram a história solo de uma heroína para admirar no universo Marvel já que desde sempre as referências nesse quesito foram de personagens do sexo masculino.
Fatores chave ilustram toda a esperança que Capitã Marvel traz enquanto mulher. O jeito irônico e até mesmo bem humorado como dialoga com os outros personagens nos dá indícios de sua personalidade. Sem deixar de cumprir com a missão, nos momentos que mais exigem de sua resistência, ela corresponde de maneira leve e emocional. A emoção por si só já faz parte da jornada do herói, com Carol Danvers é ainda mais forte justamente no momento em que está se redescobrindo enquanto humana e heroína.
Algumas cenas são comoventes por retratar, mesmo com um enredo fictício, o cotidiano de muitas mulheres, em especial na jornada de trabalho – eis a cena onde Carol está fazendo uma prova de resistência e os homens zombam dela e dizem barbáries desencorajando-a. Sua resiliência é digna do jeito-Marvel-herói de ser; tudo o que é traçado como objetivo é conquistado com glória no final – desde o sonho de ser piloto até as cenas finais de quando deixa o povo Kree para ser “uma só” em combate.
E o ponto de partida como heroína mais poderosa e resiliente da Marvel é esse. Quando ela quebra o contato com os Kree depois de descobrir que o intuito deles é exterminar os Skrulls. Embora os poderes de Vers (como é chamada pelos Kree) venham da explosão da fórmula de energia criada pela cientista Mar-Vell que também pertence ao planeta, a heroína não se sente intimidada ou em dívida com seus ex-companheiros ao descobrir que eles são os verdadeiros vilões. A sua força se ressignifica quando ela tem flashes de memórias enquanto humana de todas as vezes em que disseram que ela não conseguiria. Esse momento é uma representação de seu espírito guerreiro e do merecimento dos poderes, algo que não é só genérico da explosão e sim faz parte de quem ela é agora – uma híbrida.
Sua história é ainda mais significativa por ela não ser uma única mulher forte que tem poderes. Carol não está sozinha na busca por respostas, anda ao lado de Nick Fury (esse você conhece, né? Agente da S.H.I.E.L.D!) e a dupla mãe e filha, Maria e Monica Rambeau.
Maria se apresenta como melhor amiga, aquela que nunca nem sequer deixou Carol desistir de seus sonhos e nunca deixou de seguir os seus próprios. Ela pode aparentar fraqueza por ser uma humana, poderia correr alto perigo, mas a grande diferença mora no momento em que ela faz mais: conduz a nave até o destino num roteiro de viagem perigoso, onde inclusive pode nem voltar. A força de sua filha, Monica, é ainda mais impressionante. Criança, sonhadora, representativa e futuramente uma grande arma da editora. A menina é responsável pela escolha das novas cores do uniforme da Capitã Marvel e por ser peça principal do encorajamento nas missões. Monica é a perfeita amostra da nova geração. Tamanha simpatia e força deixam o filme cada vez mais importante.
Acima de tudo, Capitã Marvel é empoderador, necessário para fazer o público entender questões do universo da editora, resoluções de conflito e mostrar que mulheres no topo são mais altas, mais longes e mais rápidas.
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