“Não há verdade absoluta. Depende de quem diz e quem escuta”, Mágico de Oz
E não existe frase mais certeira para descrever Wicked. Baseado no musical homônimo da Broadway (proveniente do livro de Gregory Maguire), o longa veio para fazer história. Com seus 161 minutos de duração, Wicked conta a história das bruxas de Oz: a carismática Glinda Upland, conhecida como a Bruxa Boa e interpretada por Ariana Grande, e a temida Elphaba Thropp, conhecida como a Bruxa Má e interpretada por Cynthia Erivo.
Como é de se notar, dois nomes de peso no mundo da música norte-americana foram escalados para protagonizar a trama e; por isso, há de se defender a importância musical que é dada ao filme. Diferente de outras adaptações de musicais da Broadway para o cinema, Wicked leva o gênero a sério e, em nenhum momento, tenta esconder que é um filme musical. Ele assume com personalidade as suas raízes e entrega, sem cortes ou limitações, todo o primeiro ato do musical de forma extremamente fiel e necessária. Destaque para o final do filme, bem parecido com o do primeiro ato, que nos deixa arrepiados com um gosto de “preciso da segunda parte agora!”. Exatamente como ocorre na versão teatral, tem-se a divisão da história em duas partes. Nesse primeiro momento, o foco é na juventude de Elphaba e G(a)linda, mostrando como essa amizade improvável começou em tempos de inocência e despreocupação. Mesmo tentando ser o mais fiel possível, temos alguns momentos que diferem do musical; porém, nada que mude a semântica da narrativa, adicionados para, talvez, familiarizar o público novo com alguns núcleos da história.
Em falar de núcleos, é nesse primeiro momento que temos a oportunidade de conhecer todos os personagens da trama: a marcante Madame Morrible, o querido professor Dr. Dillamond, o charmoso Fiyero, a tímida Nessa, o simpático Boq e o estonteante Mágico de Oz. Todos estão fielmente caracterizados e bem trabalhados, acolhendo o desejo dos fãs e conquistando o coração daqueles que são novos no mundo de Oz ao rir de uma das frases sem noção da Glinda ou ao derramar uma lágrima com as trágicas situações pela qual Elphaba é obrigada a viver. É lindo ver como Cynthia entrega isso de forma verdadeira, fazendo com que qualquer pessoa se identifique e sinta compaixão pela personagem. Erivo é capaz de entregar uma Elphaba maravilhosa, vulnerável, de força impecável e extremamente sensível e humana. Por outro lado, Ariana consegue fugir das suas características marcantes que os fãs mais devotos tinham medo que fossem descaracterizar a personagem; porém, ouso dizer que a atriz/cantora é a Glinda na vida real; portanto, temos um trabalho satisfatório ao ganhar nas telas uma bruxa engraçada, implicante, ingênua, mimada e evolutiva. O resto do elenco também retrata seus personagens com grande perfeição e destaco aqui o ator Jonathan Bailey (Fiyero) que demonstra ser um exímio dançarino ao entregar tudo e mais um pouco em “Dancing Through Life”.
Entrando no quesito musical, temos TODAS as músicas do primeiro ato na íntegra; porém, todas elas foram um pouco “poptizadas”: melismas desnecessarios, andamentos modificados sem explicação e algumas pausas excessivamente dramáticas. Esse tipo de mudança não trouxe novos ganhos qualitativos, mas talvez tenha sido uma tentativa de conquistar um novo público mais acostumado a ouvir o gênero pop das músicas atuais. Não menos importante, o trabalho de remasterização das canções gravadas ao vivo merece reconhecimento; entretanto, o toque aveludado/soft nas vozes das atrizes acabou ficando perceptível aos ouvidos mais atentos. Ademais, é necessário o destaque para a música inédita adicionada ao longa, com easter eggs e uma homenagem aos fãs de Wicked. Foi um fan service de respeito, genialmente introduzido e que mereceu toda a ovação recebida.
Passando aos figurinos e fotografia, só há uma palavra para resumir: IMPECÁVEL! Oz existe e Wicked pode provar com seus cenários estonteantes, sua fidelidade, seus cuidados e atenção aos detalhes das exóticas roupas. Todos querem ir à Cidade Esmeralda depois desse filme! É um lugar mágico, lindo e arrepiante; portanto, não deixe de experimentar o filme nos cinemas!
Finalizando, Wicked: Parte 1 é lindo, empático, mágico e musical. Para os fãs, se preparem porque é tudo que sonhamos! Para os curiosos do tema, se preparem para se apaixonar por Oz e suas magias, é um caminho sem volta! Para os que dizem “eu não gosto de musical”, bem… ou você vai continuar odiando e defendendo que não precisava das músicas ou você vai mudar totalmente essa opinião ao enxergar que as canções servem para expressar, em toda a sua grandiosidade, o sentimento daqueles personagens que ganham o nosso coração. Wicked é sobre aceitação e resiliência e trará arrepios, emoções, reflexões e a demonstração do poder de uma linda amizade. O longa merece 5 estrelas e está na hora de alçar voo pelo mundo; afinal, todos têm direito de voar.
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