Após 8 semanas de humor, mistérios, aventuras e descobertas, o nono e último episódio de WandaVision chegou ao Disney+ hoje, entregando exatamente o que era necessário para sua proposta. O final é o que foi prometido, o que pode agradar muitos, mas, também, desapontar teorizadores.
Iniciando a temporada, é notório a construção de um arco intimista, dedicado a criar uma relação entre telespectador e o casal protagonista, aproveitando-se do formato de sitcom para construir essa afeição, mas ao mesmo tempo dando brechas misteriosas que mostram que essa ainda é uma produção Marvel. Quanto a esse início, temos uma resenha mais detalhada que pode ser lida clicando aqui.
A proposta desde os anúncios oficiais esboçava uma homenagem à televisão norte-americana e às comédias familiares, o que foi plenamente bem executada, com referências a diferentes seriados clássicos que marcaram inúmeras gerações. Mais do que uma nova maneira de estruturar o enredo de WandaVision, esse formato permitiu uma exposição e adaptação dos arcos dos quadrinhos em que Wanda Maximoff altera a realidade, com destaque para Dinastia M. No universo dos comics, não há nenhum elemento televisivo, mas a releitura dessa adaptação é de um fôlego de novidade não só para o material original, como também para todo o MCU. Visto que, transpõe para a série exatamente o mesmo formato que ela é exibida: em série; quebrando a quarta parede e corroborando com uma nova visão de como esse arco de “realidade perfeita” e “distorcida” poderia caber no MCU, sendo a cara da Marvel Studios e consistente com as outras produções.
A estrutura semanal favorece um resgate do espírito da televisão, ponto que não é possível em filmes e que instigam uma dinâmica de sustentar audiência e gera teorias, além de tornar a série um produto cujo nome fica em alta por mais semanas. Por um lado, traz saldos positivos, por outro, pode desapontar alguns conspiradores. A série ocasionou um movimento entre os fãs de buscarem soluções nos quadrinhos para os conflitos que eram retratados na telinha, o que em alguns momentos funcionou e os fãs acertaram e em outros não, o que descontentou aqueles que esperavam vilões ainda mais grandiosos e participações especiais.
Entretanto, nada disso tira o esplendor da série em desenvolver aquilo que sempre foi sua proposta: crescer Visão e Wanda, e, principalmente, introduzir a Feiticeira Escarlate. Assistindo os nove episódios é fácil concluir que essa não é uma grande saga do universo cinematográfico com um vilão renomado e ameaçador. Bem mais simples, mas de maneira alguma com menos qualidade, a série pretendeu e entregou a origem da Feiticeira Escarlate. Wanda precisou desse arco para enfrentar todas fases do luto, para assumir a postura e alcunha de sua versão heroína/vilã dos quadrinhos. Tal como, Visão precisava ser trazido de volta de uma maneira consistente ao universo e que não fugisse de seus acontecimentos anteriores; a versão branca constrói isso bem e a discussão entre os dois Visões é simplesmente a melhor solução possível para o personagem retornar a si mesmo.
Agatha Harkness não foi uma surpresa, muitos já aguardavam sua presença na série, o que ainda assim foi entregue de maneira extremamente divertida e assustadora, contando com a performance da incrível de Kathryn Hahn, que soube igualmente trabalhar humor e vilania na interpretação da personagem. Ela é tão carismática que é inevitável dizer que já queremos essa personagem em alguma outra produção no futuro.
Quanto aos atores protagonistas, Elizabeth Olsen e Paul Bettany entregam todas nuances que seus personagens exigem, desde os momentos mais carismáticos e cômicos ao olhar dramático de cenas intensas. Olsen incorpora a natureza do luto que sua personagem vive e as distrações que ela tenta sobrepor, um arsenal de expressões de tristezas suprimida em sorrisos falsos. Bettany é uma grande figura carismática nos primeiros episódios, um marido divertido e um herói escondido, que desvanece aos poucos. Visão passa por um caminho de busca de conhecimento que vai em camadas durante os episódios descascando sua construção e personalidade, conforme entende a falsa realidade que vive; jornada essa muito bem performada pelo ator.
A introdução dos gêmeos foi uma estratégia adorável de agregar ao casal essa idealização completa de família, além de construir um caminho para os futuros jovens Vingadores. Casting assertivo, brilhou com a escolha de Julian Hilliard e Jett Klyne. Além disso, não podemos deixar de comentar o excelente elenco de coadjuvantes, tendo em Randall Park (Jimmy Woo), Kat Dennings (Darcy Lewis) e Teyonah Parris (Monica Rambeau) um núcleo narrativo que complementou o lado investigativo e revelador da série, com destaque para Monica que ganhou sua própria origem como super-heroína.
No fim, temos uma série que entrega um final emotivo e bem encaminhado para novas produções do universo cinematográfico, que não só contribui para construção de seus personagens, como também permite um novo olhar sobre a magia dentro dessa franquia. A série poderia ter tido episódios um pouco maiores, favorecendo um maior tempo de tela para os diferentes acontecimentos, mas ela não deixou uma sensação de falta ou de obra inacabada. Nesse sentido, WandaVision consolida um grande início para nova era do Marvel Studios no formato de séries, sendo um grande exemplo de que as histórias que funcionam no cinema podem sim ser transpostas para a televisão sem perder a qualidade, renovando a franquia e atualizando/incrementando personagens.
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