Após 14 anos de MCU, é chegada a hora dos 6 Vingadores originais irem pouco a pouco se aposentando da sua vida de heroísmo, assim a Marvel está agora focada em garantir sucessores dignos para darem continuidade a esse legado dos A6 (com Yelena Belova, Kate Bishop, Billy e Tommy, Coração de Ferro, etc.). Vimos isso acontecer com toda a Fase 4, sendo essa uma fase de apresentação de novos heróis, e aqui no começo da Fase 5 não é diferente. A aposta da vez é a Mulher-Hulk, uma super-heroína pouco conhecida pelo grande público, mas que consegue lutar pelos injustiçados tanto dentro do tribunal, quanto fora dele.
Na série acompanhamos Jennifer Walters (interpretada pela Tatiana Maslany) é uma advogada que vê sua vida mudar totalmente após sofrer um acidente com seu primo, que é Bruce Banner (Mark Ruffalo), o Hulk. Assim ela mesma passando a se transformar na Mulher-Hulk quando está em situações de muito estresse. Mas diferente de seu primo, Jen consegue controlar muito bem quando suas transformações acontecem, então por conta disso ela opina por continuar trabalhando como advogada, mas agora trabalhando para a grande firma de Los Angeles, a GLKH, sendo a face (da Mulher-Hulk claro) da nova divisão que lida com os problemas judiciais envolvendo super-heróis.
Apesar de se tornar super popular advogando como Mulher-Hulk, nem todo mundo está feliz com isso, pois ela vira alvo de uma “organização”, liderada por Todd (Jon Bass) chamada Intelligencia, que acredita que Jen não é digna do poder que recebeu, muito em parte por ela ser uma mulher e já ter um Hulk, por isso seu objetivo é extrair de qualquer forma o sangue dela, para criar outros Hulks, que na visão deles, seja mais merecedor de ter esses poderes. Então ao redor dos 9 episódios da série, Jennifer tem que se aprender a lidar consigo mesma sendo Mulher-Hulk, lidar com o trabalho sendo uma advogada, e ainda tentar descobrir e parar quem está por trás da Intelligencia.
Um dos grandes acertos da série foi com certeza a escalação da talentosíssima (e Emmy Winner) Tatiana Maslany. Em todas as atuações que eu já vi dela, ela está sempre dando um show de atuação, e aqui não é diferente. O timing dela para comédia é ótimo, as inserções são em momentos precisos e me tiraram boas risadas toda vez que uma acontecia. E como esse é um dos gêneros quase que principais dá série, ela sempre brilha mais que os outros. Ainda no quesito atuação, o único momento que Tatiana fica em segundo plano, é quando o Charlie Cox aparece no episódio 8, e rouba a cena totalmente, que nem ele fazia em sua própria série. Vale também dar uma menção honrosa a dois personagens, sendo a divertidíssima party hard, Madisynn (interpretada por Patty Guggenheim), que tem até que pouco tempo de tela, mas nesses minutos conseguiu nos apaixonar por ela, tenho certeza que essa não é a última vez que veremos ela. E a segunda pessoa é Nikki Ramos (Interpretada por Ginger Gonzaga), a fiel assistente e melhor amiga de Jen, que está sempre lá para fazer algum comentário cirúrgico no episódio e provocar boas risadas também.
Agora vamos aos pontos negativos da produção, que infelizmente não são poucos. Sabe quando uma série começa super bem, super promissora, mas se perde pelo caminho?! Para mim esse é o caso de Mulher-Hulk, a série sofre de um ritmo bem ruim e ela sabe disso. Alternando de episódios em que quase nada acontece, mas no último minuto cria um cliffhanger para tentar segurar para o próximo episódio, sendo ela flerta com isso, daí no próximo episódio, que esperamos o que foi mostrado, recebemos mais dois episódios em forma de balde de água fria, só de encheção de linguiça, e isso é bem frustrante.
A série vinha recebendo várias críticas por conta do VFX antes mesmo de ser lançada, e acredito que isso teve um grande impacto dentro da série, por até mesmo ela toca entrar nesse assunto em tom de brincadeira. Um sinal disso é que o final da temporada foi refilmado para tentar segurar essas críticas e fazer em cima disso uma grande piada com a quebra da quarta parede da Mulher-Hulk indo ter uma conversinha com K.E.V.I.N. Tivemos quase 8 semanas de episódios de um arco péssimo dos antagonistas da Intelligencia, e eles reconhecem que foi ruim, apagaram tudo para criar um novo final um pouco mais agradável ao público por conta de ser inusitado.
Outro ponto que achei frustrante é a personagem Titânia (interpretada pela Jameela Jamil). Se você conhece os quadrinhos, provavelmente sabe que a Titânia é como a principal vilã da Mulher-Hulk, assim como o Duende Verde é para o Homem-Aranha e o Caveira Vermelha é para o Capitão América, e nos quadrinhos, essa rivalidade entre às duas faz sentido, isso tem uma explicação minimamente convincente. Já aqui na série, a Titânia é está sempre lá para tirar a paciência da Jen, mas por quê? Ela não tem motivação alguma que justifique suas ações, não recebemos também nenhuma explicação de onde vem os poderes dela. Nada é explicado, só somos forçados a aceitar a presença dela quebrando alguma parede sempre que chega em uma cena, e pronto. O que é muito triste, já que a Jameela Jamil é uma atriz ótima, mas que aqui foi mal utilizada.
Entretanto, nem tudo é mal, a série ainda tem seus momentos em que consegue brilhar um pouco, e críticas bem relevantes, tanto ao próprio MCU quanto ao seu público. O antagonista da série, a Intelligencia, que é formada nada mais nada mesmos do que um grupo de homens que ficam xingando e perseguindo a Mulher-Hulk na internet sem motivo algum, com cometários baseados em gênero. Parece familiar? Porque é! Se você entrar em qualquer rede social hoje em dia, vai ver que tem muita gente lançando comentários muito similares aos dos membros da Intelligencia, criticando qualquer personagem feminina empoderada com um pouco de destaque. Fazer desse grupo de pessoas que jogam hate gratuito na internet, e mostrar o quão ridículo isso é, foi ótimo.
Assim como todas as outras séries Marvel do Disney+, no final, ‘Mulher-Hulk: Defensora de Heróis’ também cumpre o seu papel, que é deixar um gancho para possíveis novas produções, dando a deixa para a nova série do Demolidor, o segundo filme solo do Hulk, o Abominável com os “Thunderbolts” provavelmente, e talvez até o vilão ‘O Líder’ para o filme do Capitão América. O saldo final é bem misto, ela tem seus episódios esquecíveis, como o do casamento, e os meus favoritos são o episódio 7 e 8, eu com certeza revisitaria eles, mas o resto não.
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