Loki chegou ao fim no dia 14 de julho, e de lá para cá muitas pessoas puderam assistir ao final e tirarem suas próprias conclusões sobre a série. Agora, quase duas semanas depois, chegou o momento de falarmos dela com spoilers!
A terceira série da Marvel Studios exclusiva do Disney+ acompanhou um personagem muito carismático e adorado pelos fãs. Loki é sem dúvidas mais que um vilão, tal como é mais que um herói e a série soube aproveitar dessas faces do personagem para abraçar um protagonista que age em completa contravenção ao que estamos acostumados. Mas, mais do que um foco cômico e as dualidades do deus da mentira, a série se destaca por introduzir uma nova ideia que antes não havíamos nos aprofundado no universo cinematográfico, as implicâncias de um multiverso e a maneira como a realidade é regulada.
Se a escala de poder, anteriormente, era atrelada a pedras perdidas pelo espaço, aqui as joias do infinito são meros pesos de papel, isso por si só já é um grande passo para um universo mais complexo, perigoso e de dimensões que não podemos mensurar. Sendo esse cenário incerto e não completamente entregue pela série seu ponto alto, favorecendo que entendamos Loki como uma boa introdução para o que vem depois, não quanto ao personagem si, mas para todo o MCU.
A série, apesar da proposta interessante, dos personagens adoráveis e do gancho final extremamente necessário, apresenta um desenvolvimento morno com episódios medianos e arcos menores não tão interessante ou o suficientemente explorados. É inegável que é fácil se conectar com Loki e Sylvie ao longo dos episódios em conflito com a duvidosa TVA, porém ao chegarmos ao fim desses capítulos, surge um sentimento que o roteiro poderia ter investido mais tempo de tela no background de Sylvie e de todos outros coadjuvantes que formam o TVA, minuciosamente se aproveitando das fraquezas de um passado renegado às variantes como combustível visual ao telespectador para o motim que viria a seguir contra a Autoridade de Variância Temporal.
Como vimos, pós-créditos, Loki ganhará uma segunda temporada, contudo não podemos acreditar que isso seja o fator principal para as lacunas da primeira temporada, visto que o próprio segundo ano terá um cenário e conflito muito mais complexo que a mera questão introdutória de certos contextos que abarcam o TVA e seus funcionários e criminosos, que caberiam perfeitamente nessa primeira temporada. Ainda assim, Loki é um entretenimento bastante divertido e que por seu ar cômico acaba por se vender bem e funcionar, mesmo que passando de maneira rápida e humorada pelas explicações mais elaboradas, escrachando seu tom irreverente, não por falta de ambição, porque há muita ambição em seu final, mas por ser… Loki!
E Loki termina em seu melhor momento, quando a narrativa cresce e o tom irreverente já não é uma questão, nosso protagonista realmente se preocupa com as implicações do que acontecerá dentro dos aposentos de “Aquele Que Permanece” e é aqui que percebemos o potencial de Loki não pelo que veio antes, mas pelo que está por vir. Loki abre portas não apenas para um segunda temporada mais promissora e de tom alarmante, como também para todo um universo, ou melhor, multiverso, de incontáveis possibilidades para todos os outros personagens da Marvel.
Ademais, deixando o futuro para o futuro, retornando para a série em si, precisamos enaltecer o acréscimo que foi termos a variante feminina de Loki na telinha. Além da latente química em cena que Sylvie e Loki dividem, a personagem de Sophia Di Martino contribuiu em entregar um novo vislumbre do próprio personagem de Tom Hiddleston, tal como ruir a confiabilidade do TVA e ainda assim se destacar como uma figura completamente nova, própria e única
Tom Hiddleston continua entregando o melhor de seu personagem, a clara dualidade e seu talento multifacetado que transita de um impostor não confiável a um protagonista que busca a verdade pelo certo. “Mobius” de Owen Wilson é um ótimo parceiro de crime, mesmo que inicialmente seja supostamente um agente responsável da Autoridade de Variância Temporal. Ravonna Renslayer, por outro lado, não é uma figura muito impressionante, entretanto a atriz Gugu Mbatha-Raw segura bem a personagem e entrega aquilo que o roteiro preparou para ela.
“Aquele Que Permanece”, adaptado como uma das versões de Nathaniel Richards, que também é “Kang, o Conquistador”, foi sem dúvidas uma peça chave para finale e para o MCU, sendo toda natureza conflituosa do personagem um ponto extremamente comprável (dentro da tela por parte do Loki, que se mostra incerto quando a matá-lo) ou por parte dos telespectadores, que entende as implicações do que o personagem quer dizer. E, sem dúvidas, Jonathan Majors em poucos minutos de tela soube entregar muito bem essas nuances, a vulnerabilidade, medo e sabedoria que o personagem carrega consigo, mesmo que sob a ótica dos protagonistas ele fosse um monstro.
No fim, portanto, Loki se estabelece com uma boa introdução para o que vem depois, certamente há pontos no meio da série discutíveis ou mornamente trabalhados, contudo, é inegável o potencial que o episódio final deixou para as próximas produções da Marvel.
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