Crítica | Loki: Temporada 1

Loki chegou ao fim no dia 14 de julho, e de lá para cá muitas pessoas puderam assistir ao final e tirarem suas próprias conclusões sobre a série. Agora, quase duas semanas depois, chegou o momento de falarmos dela com spoilers!

A terceira série da Marvel Studios exclusiva do Disney+ acompanhou um personagem muito carismático e adorado pelos fãs. Loki é sem dúvidas mais que um vilão, tal como é mais que um herói e a série soube aproveitar dessas faces do personagem para abraçar um protagonista que age em completa contravenção ao que estamos acostumados. Mas, mais do que um foco cômico e as dualidades do deus da mentira, a série se destaca por introduzir uma nova ideia que antes não havíamos nos aprofundado no universo cinematográfico, as implicâncias de um multiverso e a maneira como a realidade é regulada.

(L-R): Mobius (Owen Wilson) and Loki (Tom Hiddleston) in Marvel Studios’ LOKI, exclusively on Disney+. Photo courtesy of Marvel Studios. ©Marvel Studios 2021. All Rights Reserved.

Se a escala de poder, anteriormente, era atrelada a pedras perdidas pelo espaço, aqui as joias do infinito são meros pesos de papel, isso por si só já é um grande passo para um universo mais complexo, perigoso e de dimensões que não podemos mensurar. Sendo esse cenário incerto e não completamente entregue pela série seu ponto alto, favorecendo que entendamos Loki como uma boa introdução para o que vem depois, não quanto ao personagem si, mas para todo o MCU.

A série, apesar da proposta interessante, dos personagens adoráveis e do gancho final extremamente necessário, apresenta um desenvolvimento morno com episódios medianos e arcos menores não tão interessante ou o suficientemente explorados. É inegável que é fácil se conectar com Loki e Sylvie ao longo dos episódios em conflito com a duvidosa TVA, porém ao chegarmos ao fim desses capítulos, surge um sentimento que o roteiro poderia ter investido mais tempo de tela no background de Sylvie e de todos outros coadjuvantes que formam o TVA, minuciosamente se aproveitando das fraquezas de um passado renegado às variantes como combustível visual ao telespectador para o motim que viria a seguir contra a Autoridade de Variância Temporal.

Como vimos, pós-créditos, Loki ganhará uma segunda temporada, contudo não podemos acreditar que isso seja o fator principal para as lacunas da primeira temporada, visto que o próprio segundo ano terá um cenário e conflito muito mais complexo que a mera questão introdutória de certos contextos que abarcam o TVA e seus funcionários e criminosos, que caberiam perfeitamente nessa primeira temporada. Ainda assim, Loki é um entretenimento bastante divertido e que por seu ar cômico acaba por se vender bem e funcionar, mesmo que passando de maneira rápida e humorada pelas explicações mais elaboradas, escrachando seu tom irreverente, não por falta de ambição, porque há muita ambição em seu final, mas por ser… Loki!

Miss Minutes (voiced by Tara Strong) in Marvel Studios’ LOKI, exclusively on Disney+. Photo courtesy of Marvel Studios. ©Marvel Studios 2021. All Rights Reserved.

E Loki termina em seu melhor momento, quando a narrativa cresce e o tom irreverente já não é uma questão, nosso protagonista realmente se preocupa com as implicações do que acontecerá dentro dos aposentos de “Aquele Que Permanece” e é aqui que percebemos o potencial de Loki não pelo que veio antes, mas pelo que está por vir. Loki abre portas não apenas para um segunda temporada mais promissora e de tom alarmante, como também para todo um universo, ou melhor, multiverso, de incontáveis possibilidades para todos os outros personagens da Marvel.

Ademais, deixando o futuro para o futuro, retornando para a série em si, precisamos enaltecer o acréscimo que foi termos a variante feminina de Loki na telinha. Além da latente química em cena que Sylvie e Loki dividem, a personagem de Sophia Di Martino contribuiu em entregar um novo vislumbre do próprio personagem de Tom Hiddleston, tal como ruir a confiabilidade do TVA e ainda assim se destacar como uma figura completamente nova, própria e única

(L-R): Sophia Di Martino and Loki (Tom Hiddleston) in Marvel Studios’ LOKI, exclusively on Disney+. Photo courtesy of Marvel Studios. ©Marvel Studios 2021. All Rights Reserved.

Tom Hiddleston continua entregando o melhor de seu personagem, a clara dualidade e seu talento multifacetado que transita de um impostor não confiável a um protagonista que busca a verdade pelo certo. “Mobius” de Owen Wilson é um ótimo parceiro de crime, mesmo que inicialmente seja supostamente um agente responsável da Autoridade de Variância Temporal. Ravonna Renslayer, por outro lado, não é uma figura muito impressionante, entretanto a atriz Gugu Mbatha-Raw segura bem a personagem e entrega aquilo que o roteiro preparou para ela.

(L-R): Mobius (Owen Wilson) and Judge Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) in Marvel Studios’ LOKI, exclusively on Disney+. Photo by Chuck Zlotnick. ©Marvel Studios 2021. All Rights Reserved.

“Aquele Que Permanece”, adaptado como uma das versões de Nathaniel Richards, que também é “Kang, o Conquistador”, foi sem dúvidas uma peça chave para finale e para o MCU, sendo toda natureza conflituosa do personagem um ponto extremamente comprável (dentro da tela por parte do Loki, que se mostra incerto quando a matá-lo) ou por parte dos telespectadores, que entende as implicações do que o personagem quer dizer. E, sem dúvidas, Jonathan Majors em poucos minutos de tela soube entregar muito bem essas nuances, a vulnerabilidade, medo e sabedoria que o personagem carrega consigo, mesmo que sob a ótica dos protagonistas ele fosse um monstro.

No fim, portanto, Loki se estabelece com uma boa introdução para o que vem depois, certamente há pontos no meio da série discutíveis ou mornamente trabalhados, contudo, é inegável o potencial que o episódio final deixou para as próximas produções da Marvel.

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