CRÍTICA | Eternos

Chega nesta quinta-feira, 04, o novo filme “Eternos” da Marvel Studios aos cinemas nacionais. A convite da Marvel Brasil e Disney, já pudemos assistir ao filme e contaremos aqui um pouco de nossa experiência. “Eternos” é um filme que acompanha um grupo de seres milenares criados por Celestiais, cuja missão principal é vir a Terra e proteger os humanos da ameaça dos Deviantes, uma espécie de predadores alfas que se adaptam e evoluem consumindo suas vítimas. Nesse contexto, a obra se dedicará a envolver o telespectador em um épico quase bíblico do Universo Cinematográfico Marvel, forjando os princípios da criação e baseando-se em uma atmosfera quase religiosa.

A primeira metade do filme é dedicada inteiramente a apresentação e desenvolvimento de cada um dos personagens, lembre-se que temos dez, então é um início bastante introdutório e com um ritmo mais lento comparado aos filmes anteriores do estúdio. No entanto, isso não é um ponto ruim, porque em uma narrativa dividida entre presente e passado, seremos guiados pela presença desses heróis através da história e aos poucos são demonstradas as motivações, poderes, personalidades e dramas particulares, o que junto a diversidade do elenco foi um grande acerto, já que o filme consegue muito bem definir em como cada um se diferencia, mas, ao mesmo tempo, demonstra como o elo deles é importante e como funcionam bem juntos.

O elenco é ótimo, todos atores dividem bem a tela e possuem uma verdadeira química de equipe. É claro que, com o avanço da narrativa, é notório que alguns personagens foram feitos para terem mais destaque do que outros, mas isso não atrapalha o brilho de cada um, já que todos têm seu próprio holofote e aparecem no momento certo e na circunstância certa.

Nomes grandes como Salma Hayek (Ajak) e Angelina Jolie (Thena), que são de grande interesse por parte da audiência, possuem tramas próprias no filme, entretanto não são os destaques, elas são personagens mais coadjuvantes e, honestamente, foi uma ótima decisão não as colocarem no filme roubando espaço dos colegas mais novatos, já que esse é um filme de equipe e apesar da força do nome e da carreira das duas, o excesso poderia ter estragado toda a proposta dessa obra.

Gemma Chan (Sersi) e Richard Madden (Ikaris) são as cabeças desse enredo. Todo drama, debates, acontecimentos e lutas giram em torno desses dois Eternos, que depois de romperem um romance no passado, se veem na necessidade de se juntarem para se reunirem aos outros membros e tentarem frear a eminente ameaça dos Deviantes. Ambos personagens são bons em seus contrastes, mas vale ressaltar que a química entre os dois como um casal não é tão impressionante, o que não é um diferencial para os momentos que tentam gerar uma tensão entre paixão e mágoas. No entanto, o filme ainda assim consegue progredir e entrega um ótimo desenvolvimento pessoal para cada um, o que passa de forma clara para o telespectador os conflitos internos, que como foram bem desenhados e justificados, ajudam a culminar em um final bem estruturado.

Os outros personagens vividos por Ma Dong-seok (Gilgamesh), Kumail Nanjiani (Kingo), Barry Keoghan (Druig), Lia McHugh (Sprite), Brian Tyree Henry (Phastos) e Lauren Ridloff (Makkari) funcionam como uma ótima rede de apoio, tendo por consequência um destaque um pouco menor, mas ainda assim suas personalidades são abordadas e suas características são desenvolvidas. Phastos é um dos melhores personagens, além do carisma e o background humano e familiar, sua habilidade voltada a engenharia de objetos é bastante prática no filme, o que não o torna só o “inteligente” intocável, ele também tem seus momentos de presença nas lutas.

Aos que diziam que não havia humor no filme, podemos desmistificar e dizer que Kingo é um personagem que muito é voltado ao alívio cômico, principalmente em interação com seu assistente. O diferencial desse filme, é que o humor não é o tempo todo e com todos os personagens, funciona no momento certo e com tiradas do próprio roteiro, não são apenas piadas patetas.

Druig e Makkari são ótimas surpresas no filme, ambos possuem uma química ótima juntos e fazem uma ótima dupla em cena. Apesar deles não terem grandes dramas individuais no filme como os outros, Druig é desenvolvido a partir sua personalidade questionadora junto aos poderes de controle mental e Makkari estrela mais as cenas de ação, o que é interessante entre eles é que há uma faísca muito natural na interação entre os dois, o que pode vir a ser mais aprofundado na sequência. Gilgamesh é um herói fortão, mas de grande coração, o personagem está diretamente ligado ao arco dramático de Thena (Angelina Jolie), que por ter uma doença mental que mexe com sua personalidade, acaba por precisar de atenção. Sprite (ou Duende) convive com o drama de se estar presa em um corpo de criança, mesmo sendo uma eterna de milhares de anos. A jovem atriz Lia McHugh consegue se sair muito bem apresentando essa dualidade conflituosa da personagem.

A direção nas mãos de Chloé Zhao é ótima e inovadora para o Universo Marvel, a diretora consegue transformar esse épico de personagens milenares em um filme apreciativo, com diversos cenários reais e uma bela fotografia. O CGI, por outro lado, em algumas cenas destoa de toda essa atmosfera bastante real, principalmente na interação entre deviantes e atores, mas não chega a estragar a experiência. A trilha sonora é pontual, dedicada mais a instrumentais e há eventualmente a presença de uma música pop para fazer uma piada certa no momento certo.

No fim, “Eternos” é sim um filme que merece ser assistido, dividindo claramente o universo Marvel em dois núcleos: o 1º núcleo é dos Vingadores (nossos heróis já conhecidos), que será focado no Multiverso e o 2º, com os Eternos, será voltado a entidade superiores, divinas e forjadoras de mundos, CELESTIAIS. Por tudo isso, “Eternos” definitivamente está longe de ser um dos piores filmes da Marvel, ele entrega ação, humor, personagens carismáticos e novos desafios, que aumentam a escala e dimensão do MCU e prova que os assuntos do estúdio estão longe de serem esgotados.

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