CRÍTICA | A Cinco Passos de Você

‘A Cinco Passos de Você’ é uma adaptação do livro de mesmo título escrito por Rachel Lippincott com apoio dos roteiristas Mikki Daughtry e Tobias Iaconis. O roteiro tão bem cuidado, tanto do livro quanto do filme, surpreende quando dizem que é o primeiro romance escrito por Rachel. A história conta o caso de Stella Grant (Haley Lu Richardson) e Will Newman (Cole Sprouse). Ambos sofrem de Fibrose Cística, apesar de Will ser um caso mais grave: Brukholderia Cepacia, mais conhecida como B Cepacia.

Livro A Cinco Passos de Você
Capa original do livro. Reprodução/Globo

Stella vive para fazer o melhor tratamento que pode. Ela precisa se salvar, e aparentemente o espectador tem a impressão que ela age dessa forma por fazer parte de sua essência. Para que ela receba novos pulmões e tenha mais alguns anos de vida garantidos, tem de deixar algumas coisas de lado, como manter pelo menos seis passos de distância de qualquer pessoa que tenha a doença. Para Stella nunca foi tão difícil seguir a regra mesmo tendo que manter sempre distância de seu melhor amigo, Poe, mas a vida se encarregou de fazê-la sentir um desejo maior de entrar nesse contato humano.

É um filme que faz chorar. Algumas cenas são fortes por serem de fácil entendimento e muito bem interpretada pelos atores. Parece que Haley e Cole se encaixaram da melhor forma em seus papéis. O modo como Will olha para Stella em cenas de romance transparece fácil o sentimento do personagem naqueles momentos de amor e dor. A trilha sonora também seguiu o mesmo ritmo. As músicas escolhidas foram colocadas em cenas-chave, não deixam a impressão de forçar uma emoção que não existe.

Will aparece com um jeito sarcástico e uma personalidade carrancuda, diferente de Stella. A primeira impressão que ele passa é de um bad boy clichê de filmes do gênero, mas a convivência com alguém doce e decidida como Stella e alguém feliz como Poe, desenrola um outro lado dele. Aí é possível enxergar um Will carinhoso, que se importa com as pessoas, que também tem inseguranças, que mesmo sabendo que pode morrer torna-se esperançoso por amar alguém que ainda cuida da existência dos dois.

Ele também exerce a importante função de mostrar ao público porque Stella é tão precavida com tratamentos. Nesse ponto do filme começa a ser vista uma Stella de luto, que se culpa, que sente falta, que está desesperada para viver para proteger a própria família.

Stella e Will | A Cinco Passos de Você
Will e Stella juntos em cena. Reprodução/A Cinco Passos de Você

Poe age nesse intermédio sendo alguém que aconselha, que conduz muita importância na formação da história do casal e é o braço direito de Stella, logo passando a ser da confiança de Will. É alegre na medida que consegue ser e carrega a representatividade LGBT. Sua história carrega significados como medo de se relacionar, por não ser um adolescente rico e que enfrenta a vida como ela é.

Os três juntos representam uma nova geração de adolescentes que usam a arte e a modernização como recursos para se inspirarem e inspirar. O canal de Stella no YouTube é grande prova disso. As chamadas lives e daily-vlogs contando sobre sua doença e mostrando seu cotidiano são formas que os jovens de hoje em dia encontram de se sentirem bem ou não se sentirem sozinhos ou de mostrar para as pessoas que passam pelo mesmo, que apesar de difícil a vida pode ser boa. E o filme numa construção só mostra o significado de viver o hoje. Do valor às pessoas, ao toque e aos privilégios que temos quando ainda vivos.

A Cinco Passos de Você faz estreia nacional nos cinemas dia 21 de março.

 

Nota: 8

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